sábado, 20 de novembro de 2010

Inglaterra

Durante o século XIX, a Inglaterra foi a potência hegemônica no mundo, ampliando constantemente seu império colonial e impondo sua vontade pela força, especialmente nos países ao sul do Equador”. (CAMPOS, 1983, p. 136). A independência dos países latino-americanos, com a honrosa exceção do Paraguai, o único destes ainda não penetrado pelo capital inglês, não era completa, pois eram dependentes do capitalismo mundial.
A guerra ocorreu num período caracterizado pela expansão da produção e das trocas inglesas e pelo aumento do número dos investimentos britânicos na região. No estuário da Prata, os ingleses realizavam intenso comércio, “(...) exportando seus produtos industrializados e importando matérias-primas. (SANTOS, 1990, p. 51). Na segunda metade do século XIX, do ponto de vista econômico, a Inglaterra substituiu Portugal na condição de metrópole do Brasil, afirma Elza Nadai.
O comércio brasileiro era quase todo feito com a Inglaterra: ela era o principal comprador de café e fornecia a maior parte dos produtos industrializados que se consumiam no Brasil. Além do comércio, as estradas, os bancos e muitas empresas eram ingleses; portanto, os valores e os padrões ingleses acabaram por se impor como modelos para a sociedade brasileira. (NADAI, 1985, p. 74).
Elza Nadai e Elian Lucci (1987) asseguram que o Brasil atuava na região platina, sobretudo quando havia revoltas ou guerras, também como representante dos interesses da Inglaterra. Estes dois países, assim como a França, eram contrários à reunificação dos países platinos, à consolidação de qualquer “grande nação” na região, pois desejavam a livre utilização da rede hidrográfica platina. Foram, portanto, razões comerciais que levaram os governos ingleses a apoiar os movimentos de independência na América Espanhola – inclusive no Paraguai – e no Brasil.
A Inglaterra, no século XIX, exportava aproximadamente 70% da sua produção, constituída por produtos industrializados. Ela necessitava de novos compradores para estas mercadorias e de diversificar suas fontes de suprimento de matérias-prima. Além de não ser um grande exportador destes produtos, nem um voraz consumidor de mercadorias inglesas, o Paraguai impedia a entrada dos capitais provenientes da Grã-Bretanha. Deste modo, seu modelo econômico independente “(...) não era bom para o comércio inglês, que do Paraguai comprava o mate e a ele nada vendia”. (ARAÚJO, 1985, p. 37). José Dantas (1984) afirma que os produtos industrializados do Paraguai já começavam a abastecer a América do Sul. Para outro autor, Elian Lucci (1985), a guerra de Secessão norte-americana lançou a economia britânica em uma crise que acentuou ainda mais sua necessidade de destruir a república guarani, a qual possuía terras férteis e excelentes para o cultivo do algodão – matéria-prima vital para a fortíssima indústria têxtil da Inglaterra, que até então dependera das provisões dos Estados Unidos.
Os capitalistas ingleses estavam inquietos com o perigoso exemplo da experiência paraguaia de desenvolvimento, que poderia influenciar as políticas de outros países sul-americanos. Conseqüentemente, não foi por acaso que tais capitalistas estimularam e alimentaram a Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai, financiando os aliados – Brasil, Argentina e Uruguai – com grandes empréstimos.

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